Museu Casa permite conhecer vida e obra de Alfredo Andersen 24/05/2019 - 16:30

Além das obras icônicas do artista, Museu Casa Alfredo Andersen traz itens da intimidade do pai da pintura paranaense 

A casa que serviu como residência para o pintor norueguês Alfredo Andersen, considerado o pai da pintura paranaense ao radicar-se no Estado em 1892, é um daqueles pequenos museus que guardam raridades, história e retratam ainda facetas íntimas do artista que viveu e criou no casarão da Rua Mateus Leme, 336. O edifício de 262 m², do final do século 19, é um dos tesouros do centro histórico de Curitiba, com sua arquitetura eclética e características do estilo neoclássico, oriunda dos imigrantes alemães que se fixaram em Curitiba.


Museu de 262 m² guarda raridades e itens pessoais do pintor Alfredo Andersen.

Ao passear pelo Museu Casa Alfredo Andersen (MCAA), o visitante não verá apenas suas 33 pinturas e 30 desenhos expostos na mostra permanente "Alfredo Andersen: in situ/em trânsito", mas poderá ter ideia de como Andersen, que chegou ao casarão em 1915, viveu com seus quatro filhos e com a esposa, Anna de Oliveira: o andar térreo do museu e o fundo do quintal eram a casa do pintor. O ateliê funcionava no segundo piso e foi ali que, até 1935, ele ensinou alunos como Estanislau Traple, Maria Amélia D’ Assumpção, Inocência Falce, entre outros.

"Esta exposição redimensiona a obra de Andersen por meio de um olhar crítico que elabora a sua significação artística como pintor pioneiro no Brasil. Um legado que se abre a diferentes leituras: a viagem em alto mar e os marinheiros, a formação da paisagem, o íntimo enquadramento das vivências e gestos do cotidiano nas cenas de gênero. Seu domínio aprumado na execução de retratos, no qual se destacou, seja por encomenda de autoridades ou pintando populares, familiares e amigos fez proliferar a sua produção", explica a coordenadora do Setor de Pesquisa do MCAA, Cristiane Kussmann.

Intimidade

Além de revisitar os próprios cômodos da casa onde o artista viveu, o visitante verá ainda fotografias de Andersen, livros da biblioteca pessoal, desenhos, entre outros itens iconográficos. Em cada uma dessas salas é possível acessar informações em áudio via QR Code, o que permite interatividade e conhecimento mais aprofundado da trajetória de Andersen.

As principais pinturas

Fora a sua dedicação para a paisagem, uma marca forte na obra de Andersen foi o cotidiano, grande protagonista de seus quadros. Uma dessas cenas é retratada em "Lavando Roupa", com a esposa e uma das filhas na lida doméstica protegidas por um guarda-sol. "Duas Raças" é outro trabalho icônico, afirma a coordenadora do setor de pesquisa do MCAA, Cristiane Kussmann. "É uma pintura de gênero que remete à experiência social da família de Andersen, ao passo que 'Lavando Roupa' traz a admiração, por parte do pintor, da vida doméstica", fala. Outro trabalho muito conhecido é o autorretrato de Andersen, no qual é possível observar o olhar e a sensibilidade do artista em relação a si (essas três obras também estão disponíveis na versão tátil).

Cristiane também destaca o vídeo "ex-professo" de Eliane Prolik e Larissa Schip, presente em uma das salas. Ele apresenta, de maneira poética, a totalidade da obra de Andersen. "Em conexão, na entrada do museu se localiza uma vitrine suspensa com materiais próprios do ofício de pintor, como paletas, frascos de cores, caixas ou pequenos moldes",  indica a coordenadora.

História

O Museu Casa Alfredo Andersen começou como uma sociedade instituída no dia 3 de novembro de 1940 com o objetivo de criar uma unidade museológica para preservação da obra de Andersen, concretizada em 1959 com a abertura da Casa de Alfredo Andersen, em 1959. Depois de 20 anos, a instituição passou a ser denominada Museu Alfredo Andersen. Em 1971, a edificação foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná. Foi restaurada em 1988 e outro em 2018 – quando passou então a se chamar Museu Casa Alfredo Andersen, valorizando o conceito de museu casa e oferecendo ao visitante a perspectiva do estilo de vida do artista. Além disso, a reforma modernizou aspectos de acessibilidade (incluindo audiodescrição dos textos expográficos e obras táteis), rampa de acessibilidade e piso podotátil.

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