Residência Artística
O projeto de residência artística é uma iniciativa da Academia Alfredo Andersen para estabelecer um espaço de aperfeiçoamento e trocas de experiências com artistas, produções e projetos nas artes visuais. Os artistas convidados a participarem do período de residência permanecem no Ateliê do Complexo Andersen por um mês, desenvolvendo suas linhas de pesquisa.
Desde 2019, a residência já recebeu artistas nacionais e internacionais que, além da criação própria, também abriram oficinas e workshops para compartilhar seus conhecimentos com o público, demonstrando o comprometimento com a divulgação de educação artística.
O projeto tem como objetivo apresentar as residências artísticas como ambiente de formação, criação e difusão, defendendo a compreensão de sua atuação, como forma ampliada de atender uma necessidade e repensar processos no contexto contemporâneo.
No início da residência, cada artista recebe um caderno para ser o “diário” deste período de criação. Cada artista preenche as páginas do caderno à sua própria maneira, e devolve ao Complexo Alfredo Andersen no final da residência, para compor o acervo da Academia. O resultado dos cadernos disponíveis estão anexados embaixo das informações de cada artista.
Histórico de artistas residentes
Ana Beatriz Artigas
Artista visual
Curitiba – Brasil/2024
A artista visual realizou sua residência no segundo semestre de 2024. Com o objetivo de continuar seus estudos na tridimensionalidade do fio e dos demais materiais têxteis, a produção artística de Ana contou com a campanha de doação de materiais, que resultou em uma grande diversidade de materiais têxteis com os quais a artista trabalhou durante o período de residência. Ana afirma que tem uma relação pessoal com Andersen no lugar de artista e também com o espaço do MCAA. Apesar de não usar as mesmas técnicas que o pai da pintura paranaense, Ana declara que as pinturas dele fizeram parte e tiveram influência na formação dela como artista. Além disso, o espaço da Academia Alfredo Andersen também é parte da experiência da artista. “Já fiz aula de desenho e cerâmica, além de ter vários amigos aqui. É um lugar que faz parte da minha vivência”, ela diz.
Yuri Rosa
Tatuador e desenhista
Curitiba – Brasil/2024
Com o lema de “transformar histórias em tattos”, o tatuador e desenhista Yuri Rosa desenvolveu em sua residência a pesquisa em desenhos lineares e tonais, além de trazer a abordagem de arteterapia para a produção de tatuagens no público interessado em fazer parte deste processo. O artista promoveu duas dinâmicas durante sua residência, uma oficina de desenho e um sorteio de tatuagem com processo de arteterapia. Entre processos de criação pragmáticos e românticos, Yuri afirma que sua residência foi marcada pelo ensino e a crítica ao sistema acelerado da produção artística. Yuri conta que Andersen foi um dos primeiros artistas paranaenses com o qual ele se identificou. Ao dizer que se sente honrado em fazer parte da residência artística no MCAA, o tatuador destaca “pra mim foi incrível ver a quantidade de conhecimento que Andersen trouxe para a arte plástica do Brasil”. Ele conta que estudava as pinturas de Alfredo Andersen com frequência e, mesmo que não fosse seu aluno direto, sempre o considerou um professor.
Simon Taylor
Urban sketcher
Curitiba – Brasil/2024
Durante sua jornada artística, Simon Taylor já atuou como desenhista, chargista, ilustrador e design gráfico. Em 2014 iniciou suas atividades como Urban Sketcher, movimento mundial criado pelo espanhol Gabi Campanario. Urban Sketchers é um termo que define o desenhista de observação que está constantemente registrando o cotidiano – a cidade, as paisagens, as pessoas – com desenhos e pinturas rápidas, feitas in loco. Com sketchbooks, blocos ou folhas avulsas sempre à mão, esses artistas capturam em traços e manchas, tudo o que lhes desperta interesse. Para sua residência, Simon Taylor desenvolveu mais seus trabalhos como Urban Sketcher e criou várias obras, dentre elas uma que homenageia o MCAA e o legado de Alfredo Andersen. Unindo passado e presente, Simon retratou dois momentos da vida do artista.
Jefferson Svoboda
Artista visual
Curitiba – Brasil/2024
A residência do artista foi dedicada à exploração da relação entre espaço, história e transformação cultural, usando cores vibrantes e formas abstratas em suas obras. Svoboda se descreve como "cria do Guaíra" e reflete sobre a migração que o levou do Paraná ao Rio de Janeiro aos 11 anos, comparando sua experiência à de Alfredo Andersen, que deixou a Noruega para se integrar a um novo contexto cultural. O artista conta que a mudança de cidade o fez ter uma nova perspectiva da vida. Inspirado por coloristas como Matisse e Joan Miró, Svoboda explora as interações entre luz, sombra e cor, experimentando técnicas como têmpera, acrílica e esmaltes de porcelana. Durante sua residência, ele aprofundou sua produção em pintura, especialmente na representação do que vê pela cidade paranaense. “O que eu sinto precede o que eu penso”, destaca o artista, revelando como suas escolhas de cores e formatos são guiadas pela intuição.
Nina Miyamoto
Artista visual
Maringá – Brasil/2024
Focando no desenvolvimento e estudo de pinturas em madeira e aquarela japonesa, a artista Nina Miyamoto ocupou o ateliê da residência artística com obras e oficinas. Nina viveu a infância transitando de endereço entre a cidade natal, Maringá, e o interior do Japão – em Kurokawa, na província de Miyagi, e Okazaki, na província de Aichi. Em 2019, ingressou na Escola de Música e Belas Artes do Paraná para estudar Artes Visuais, e desde então se dedica à estética nipônica em suas produções, construídas a partir de memórias e experiências afetivas. Além do contato com os visitantes do museu e as mediações do Setor Educativo, a artista preparou a oficina “Processo criativo e paisagem em madeira”, uma atividade em que o público criou suas obras a partir dos veios naturais da madeira, em um processo que estimulou a criatividade e a conexão com o fazer artístico de cada participante.
Maurício Valle
Artista plástico
Foz do Iguaçu – Brasil/2024
A residência do artista Maurício Valle foi marcada por um período de produção in loco, pesquisa e estudo de técnicas na pintura de paisagens. Perto do acervo do “pai da pintura paranaense”, Valle buscou referências nas produções de Alfredo Andersen, diz que o que mais o inspirou nas paisagens de Andersen foi a temperatura que a iluminação transmite nas pinturas do artista norueguês e como o pintor capta o clima e as sensações das cenas que pinta. Como exemplos de como essas pinturas evocam sensações, Valle destaca o sereno frio da manhã e o cheiro da erva torrada de "Sapeco da Erva-Mate", além de “Porto de Cabedelo” e a sensação quente que as cores evocam ao calor do litoral nordestino. Valle também interagiu com a Academia Alfredo Andersen, em mediações aos alunos do curso de pintura do museu, foram em passeios urbanos para observar paisagens. Em busca de troca de experiências e conhecimentos, o artista esteve em contato com visitantes, alunos e outros artistas.
Nilson Sampaio
Professor e artista visual
Brasil/2024
Durante a residência do educador e artista Nilson Sampaio, o foco foi o auxílio ao desenvolvimento artístico de crianças e jovens dentro do espectro autista e como a arte pode ser processo que abre caminhos de compreensão às perspectivas de pessoas dentro do espectro. Intitulado “Ensinando a Voar”, o projeto do artista é uma iniciativa de desenvolvimento por meio das técnicas de arte e desenho. No final de sua residência, Nilson promoveu a exposição “A chuva é a mesma. Cada um sente de um jeito só seu" com obras individuais pintadas por seus alunos sobre a mesma paisagem, destacando a diversidade de interpretações e a visão dos jovens. O artista reconhece a importância da assistência na troca de conhecimento entre aluno e professor ao organizar fluxos, enfrentar e respeitar rotinas e situações peculiares de cada aluno dentro do espectro, encontrando um ponto de flexibilidade para a autonomia deles.
Adão
Artista visual
Brasil/2024
Inspirado nos conceitos de Gaston Bachelard sobre a poética do espaço, durante o período de residência, Adão procurou compreender quando o MCAA se mostra como museu e quando o lar de Andersen assume o protagonismo no espaço. Ele se atenta desde os detalhes que resistiram ao tempo até a forma como as pessoas transitam pelo ambiente para encontrar pistas sobre o processo de transformação dos antigos cômodos em um espaço cultural. No ateliê, os esboços e estudos na pintura deram corpo e cor às pesquisas do ambiente. Ele estudou variações da luz e da sombra, que são importantes para sua escolha artística. A dualidade entre mostrar e ocultar, luz e sombra, que existe metaforicamente com a casa de Andersen e o museu, é parte do trabalho na pintura. Além das interações com os visitantes do museu, Adão compartilhou sua pesquisa e criações com o público e os alunos do espaço. Durante a residência, o artista preparou a oficina de pintura “Das relações entre fundos cromáticos e temperatura na pintura a óleo”, um convite para explorar a percepção das cores em relação à temperatura.
Wagner Melo
Fotógrafo
Curitiba – Brasil/2024
Wagner desenvolveu em sua residência o projeto "Humano Patrimônio", uma exploração da ressignificação dos patrimônios da capital paranaense ao longo do tempo e sua relação entre as pessoas e os espaços urbanos. Nas ruas, o fotógrafo aproveita composições estéticas arranjadas pelo próprio cotidiano ao olhar para prédios, monumentos, praças públicas e até mesmo espaços abandonados. Dentro do Ateliê, a investigação em suas produções é sobre como as pessoas se identificam e interagem com esses elementos da cidade. Em constante interação com a cidade de Curitiba e os próprios curitibanos, Wagner intersecciona a arte, antropologia e cidade tanto em seu projeto de residência quanto no bate-papo proposto com a comunidade. Juntamente com o antropólogo Cauê Krüger, o fotógrafo promoveu uma conversa aberta intitulada “Fotografia da cidade, fotografia na cidade: vivências, pesquisa de campo e expografias”. É nesse contexto que o trabalho de Melo se destaca ao explorar a fotografia de rua como uma forma de contar histórias, revelar subjetividades e provocar reflexões sobre o espaço urbano e suas dinâmicas sociais.
Artistanonimo SA
Performance
Curitiba – Brasil/2023
A proposta inovadora do Artistanonimo SA, projeto-performance realizado em anonimato. O projeto “Artistanonimo SA”, uma proposta inusitada em que um artista de identidade oculta estabelece no ateliê da Academia uma espécie de empresa de arte. Sob o comando do líder anônimo, V e H – codinomes que preservam as identidades dos dois funcionários igualmente alheios à identidade do artista – criaram ao longo do mês de outubro obras de arte e outros produtos visuais utilizando materiais de escritório, como clipes, sulfites e canetas esferográficas, seguindo as diretrizes fornecidas pelo chefe misterioso. Os produtos gerados durante essa residência são peças de arte concebidas a partir de materiais de escritório, agregando um viés comercial à prática artística.
João Paulo de Carvalho
Pintor (óleo e aquarela)
Brasil/2023
Com uma abordagem que explora a interseção entre o tempo, a experiência e a paisagem, João Paulo, que já foi aluno e também professor da Academia Alfredo Andersen, começou os primeiros dias da residência confeccionando os próprios materiais de trabalho, como suas tintas de tom monocromático e telas em tecido cru. O foco principal é a exploração da paisagem contemporânea e suas múltiplas facetas. O artista adentra essa temática com uma abordagem peculiar, unindo técnicas de desenho e pintura para criar uma narrativa visual que reflete as complexidades da atualidade. O legado de Alfredo Andersen também exerce uma influência sobre a abordagem. O artista diz que, ao se inspirar nas observações imersivas de Andersen sobre a paisagem, ele busca dar continuidade a essa tradição de análise visual e exploração conceitual.
Heloísa Vecchio
Fotógrafa
Cascavel – Brasil/2023
A artista Heloísa Vecchio une a linguagem arquitetônica ao seu trabalho fotográfico ao explorar composições que refletem a relação entre corpo e espaço, seja ele natural ou um cenário montado. Essa experiência proporciona também um olhar focado na composição, luz e sombra, fatores determinantes para as fotografias, criando contrastes intensos ou suaves. No projeto de residência artística, ela prepara o ateliê para o uso dramático da luz e sombra, inspirada em cenas barrocas e renascentistas. O projeto "Artista Tempo Espaço" apresentou fotografias de 120 artistas paranaenses, criando um patrimônio visual dos artistas paranaenses e também despertando conexões por meio da fotografia e da fusão entre o corpo humano e o espaço do museu, com a produção de artista para artista.
Mayumi Taguchi
Aquarelista
Kôbe – Japão/2023
Em seu período como residente, Mayumi Taguchi, natural de Kobe - Japão, observou algumas conexões com a arte de Alfredo Andersen, como padrões orientais presentes em algumas obras do mestre, que refletem a influência do japonismo, percebido no quadro "Duas Raças" do pintor norueguês. Durante o período de residência, Mayumi Taguchi se propôs a se desafiar utilizando técnicas alternativas de pintura, mais especificamente Aquarela, e desenvolveu o projeto "Primeira Visão – Aquarelas de Viagem". Além disso, propôs atividades em cursos práticos para todas as faixas etárias, a fim de aproximar a comunidade do fazer artístico.
Luiz Rettamozo
Artista Visual
Brasil/2022
Conhecido por sua imprevisibilidade e criatividade ímpar, o artista Luiz Rettamozo, o Retta, desenvolveu o evento musical “Bota-Fora do Retta” em seu período de residência. Retta se propôs a ir além das artes visuais, criando músicas, poesias e novos imaginários, inspirados pela obra e história de Alfredo Andersen. O evento foi uma "imersão em música 3D”, acompanhado dos amigos Angelo Esmanhotto na guitarra e instrumentos virtuais e Fabio Cadore na percussão e cacalhada. Juntos, formaram um concerto de música instrumental espontâneo e improvisado. Em tom performático e experimental, houve entrega de óculos 3D ao público, que próximo do artista pode vivenciar a proposta do evento. A convivência de Retta no ateliê transformou o local, uma vez que o artista interagiu com visitantes e alunos do museu, enriquecendo também o atendimento do setor educativo da instituição.
Nicole Christine
Brasil/2022
José Rodrigues Marafigo
Brasil/2021
Barbara Haro
Artista visual
Brasil/2020
Em sua residência, a artista visual Barbara Haro criou várias pinturas que retratam o isolamento social no decorrer de 2020. Desenvolvida a partir de fotografias tiradas da vizinhança por meio do ponto de vista da casa, a série “Paisagens da Quarentena” expõe os mesmos cenários e perspectivas no decorrer de um ano inteiro, trazendo mudanças na paisagem conforme o tempo passa.
Luiza Urban
Fotógrafa
Brasil/2020
Durante sua residência, a fotógrafa Luiza Urban debruçou-se sobre a pesquisa da cor e suas possíveis configurações em que a composição geométrica prevalece, no projeto “Versus X”. A partir da gradação tonal, cria-se uma forma e um fundo e o volume se confunde, podendo tanto abrir uma porta, como estar em primeiro plano, em volume positivo.
Alfi Vivern
Argentina/2019
Isaac Moraes
Brasil/2019
Tong Yanrunan
China/2019
Pintor
As pinturas "face a face" são a especialidade do chinês Tong Yanrunan. O artista, que viaja pelo mundo produzindo retratos (que trazem sempre uma face mais abstrata, mas ainda com traços fortes da pessoa retratada), em sua residência no MCAA realizou pinturas de várias personalidades de Curitiba, como artistas, gestores e políticos.
Christian Balzano
Itália/2019
Artista visual
A Bienal de Curitiba também trouxe o italiano Christian Balzano para a residência do MCAA. Balzano é conhecido por suas obras em papel de ouro, que geralmente são instaladas em espaços públicos. Na época, seu trabalho ficou exposto no Museu Oscar Niemeyer (MON).
Alberto Salvetti
Itália/2019
Escultor
Participante da Bienal de Curitiba em 2019, o escultor italiano Alberto Salvetti se tornou o primeiro residente oficial do projeto do Museu Casa Alfredo Andersen (MCAA). Salvetti é conhecido por utilizar estruturas de ferro como material base do seu trabalho. Ele estuda a anatomia de animais para realizar o trabalho, que na época foi exposto no Museu Paranaense (MUPA) durante a Bienal.